No dia 13 de maio, celebrámos o centenário da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos.
Milhares de peregrinos acudiram aos pés de Maria Santíssima para lhe confiar todas as suas necessidades. Entre eles, em nome de toda a família de Santa Joana Jugan, encontravam-se quatro Irmãzinhas dos Pobres, três de nacionalidade portuguesa e uma espanhola, que nos vão partilhar esses momentos de graça.
Como sabemos o Papa Francisco, como peregrino da Paz e da Esperança, chegou na tarde do dia 12 de Maio, mas deixemos a palavra às que ali se encontravam:
“Como previsto no dia 10 partíamos desde Madrid, bem cedo, pois já tinham anunciado que na fronteira de Portugal estaria a polícia para controlar e revisar os carros que chegavam. Ao chegar à fronteira, seguimos o desvio que indicavam, a polícia parou e revisou alguns carros que nos precediam, mas quando chegou a nossa vez, deixaram-nos passar. O primeiro obstáculo estava superado! A chuva torrencial foi nossa companheira de caminho, e eram essas as previsões para os dias seguintes. Chegámos a Lisboa sem nenhum contratempo. Nessa noite não parou de chover, e assim amanheceu o dia 11. Durante a manhã foram os preparativos, já que depois do almoço teríamos de partir para Fátima, pois no dia 12 não deixariam entrar nenhum carro em Fátima. Todos eles ficariam a uns 18Km do santuário, e para o percurso desde aí até Fátima haveria autocarros.
Às 15h saímos de Lisboa as 4 peregrinas acompanhadas de Fernando. Durante o trajecto, o céu descobria-se e, entre grandes nuvens bem escuras aparecia o sol. Seríamos testemunhas doutro milagre do sol….? À chegada a Fátima, polícia e segurança por todos os lados, que nos desviavam dum sítio para outro, mas finalmente chegámos à casa das Irmãzinhas de Jesus de (Carlos de Foucauld) que se tinham oferecido para nos acolher. Não éramos as únicas, era uma casa de portas abertas…. Ao menos podíamos estacionar a camioneta e descansar um pouco essa noite… Depois de pegarmos nas mochilas com umas sandes que tínhamos preparado para o jantar, dirigimo-nos para o santuário, saudando antes de tudo a Nossa Senhora de Fátima na Capelinha. Momento emocionante, chegavam grupos e grupos de peregrinos que tinham percorrido a pé muitos Kms durante vários dias, sob chuva, frio etc….. Assim que chegavam junto à Capelinha abraçavam-se, ajoelhavam-se e davam graças a Maria por os ter ajudado a chegar à meta; em alguns rostos as lágrimas corriam. Quanta felicidade não sentiria a nossa Mãe do Céu, e quanto consolo não receberia o seu Coração Imaculado, ao ver a seus pés, tantos peregrinos!
Depois fomos à Basílica Nossa Senhora do Rosário rezar junto aos túmulos dos pastorinhos, e graças a Deus que fomos, pois o acesso à Basílica ia ser fechado até à partida do Santo Padre de Fátima. Visitámos também a Basílica da Santíssima Trindade e a Capela do Santíssimo. Na parte detrás da Basílica, e como ocasião do centenário, colocaram um imenso coração comemorativo, dum lado aparece a inscrição da visita do Santo Padre e do outro o centenário das aparições. Encontrando-nos ali, começou a chover e tivemos que deitar mãos aos impermeáveis para nos proteger um pouco da chuva, já que o guarda-chuva era difícil mantê-lo aberto com o vento forte que fazia. Pouco a pouco estas nuvens foram dando lugar aos raios de sol. Depois de termos comido a nossas sandes tranquilamente, dirigimo-nos à casa das Irmãs onde estávamos alojadas, para poder descansar um pouco essa noite e estar em forma no dia seguinte. As Irmãs ao chegarmos, ofereceram-nos um chá quentinho e pudemos partilhar juntas um momento fraterno.
Amanhece o dia 12 com um céu limpo, apesar de que durante toda a noite tivesse chovido. Depois de rezar no oratório das irmãs, tomar o pequeno-almoço, preparámos as nossas sandes para o almoço, jantar e pequeno-almoço do dia 13, já que a nossa intenção era chegar ao recinto do santuário, encontrar um bom sítio e permanecer aí até que tudo terminasse… E assim foi, chegámos ao recinto às 10h, entrando pelo lado da Capelinha, em primeira fila, do lado esquerdo do Altar principal, encontrámos um bom sítio junto às grades de ferro. Em frente tínhamos um grande ecrã, um pouco mais à direita víamos perfeitamente o Altar; virando-nos para trás avistávamos todo o recinto do Santuário e a Capelinha. Como estávamos na parte mais alta do recinto tínhamos uma visão esplêndida de todo o conjunto, e tudo o que a visão não pudesse alcançar veríamos pelo ecrã que tínhamos em frente. Que mais pedir? Acomodámo-nos, sabendo que ali passaríamos mais de 24h, para ser exactas, foram 28h as que passámos naquele lugar que se converteu para nós, em oratório, refeitório, dormitório não, pois a verdade é que não conseguimos dormir, já que o frio e principalmente a humidade penetravam nos ossos… Mas tudo isto ajudou-nos a viver outro aspecto essencial da mensagem de Fátima: a penitência. Oração e penitência para alcançar a Paz do mundo, a conversão dos pecadores (e todos temos necessidade de conversão) e a outra intenção que tivemos presente: o aumento de vocações para a Igreja especialmente de Irmãzinhas dos Pobres.
Durante toda a manhã, as Missas na Capelinha eram contínuas. No início da tarde, já todos nos preparávamos para receber ao Santo Padre, que pudemos ver através do ecrã que tínhamos em frente de nós. Respirava-se um ambiente de festa e sagrado ao mesmo tempo, os grandes momentos de silêncio da grande assembleia eram eloquentes e exprimiam muito mais do que as palavras podiam dizer. Maravilhosa foi a longa oração do Santo Padre em silêncio diante de Nossa Senhora, oração intercalada com cantos. Depois o Santo Padre retirou-se e voltou depois do jantar para a oração do terço. Cada vez que o Papa chegava junto à Capelinha, o papamóvel que o transportava ficava estacionado perto donde estávamos, assim podemos ver bem os detalhes do veículo.
Terminado o terço, o Santo Padre retirou-se para descansar. Foi emocionante ver durante a procissão com Nossa Senhora até ao Altar, as velas que iluminavam todo o recinto, o grande número de Bispos e Sacerdotes que abriam a procissão, para a celebração da Eucaristia presidida pelo cardeal Pietro Parolin.
Terminados estes actos oficiais, muitos dos participantes foram-se retirando para descansar, mas para os peregrinos, ainda muito numerosos, que decidimos passar a noite “in situ”, vários actos litúrgicos tiveram lugar: via-sacra, adoração do Santíssimo, terço… e pela de madrugada a oração de Laudes. E já bem cedo, começaram (já) a chegar novamente os peregrinos.
Antes da Eucaristia, o Santo Padre visitou a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, onde estão os túmulos dos pastorinhos e aí rezou junto deles. O Santo Padre chegou pontual para a celebração da Eucaristia que foi concluída com a benção do Santíssimo aos doentes dizendo-lhes: “Queridos doentes, vivei a vossa vida como um dom e dizei a Nossa Senhora, como os Pastorinhos, que vos quereis oferecer a Deus de todo o coração. Não vos considereis apenas recetores de solidariedade caritativa, mas senti-vos inseridos a pleno título na vida e missão da Igreja. A vossa presença silenciosa mas mais eloquente do que muitas palavras, a vossa oração, a oferta diária dos vossos sofrimentos em união com os de Jesus crucificado pela salvação do mundo, a aceitação paciente e até feliz da vossa condição são um recurso espiritual, um património para cada comunidade cristã. Não tenhais vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja.”
Depois da benção, foi a despedida de Nossa Senhora dizendo-lhe adeus com os lenços brancos e, cantando ao mesmo tempo o “Ó Fátima adeus”, isto até que Nossa Senhora chegou de novo à Capelinha.
Ao terminar a Eucaristia, disseram aos peregrinos que não se movessem dos seus sítios, pois o Santo Padre iria percorrer o recinto no seu “papamóvel” para poder saudá-los. Uma esperança se acendeu nos nossos corações, o papamóvel encontrava-se perto de nós, e não poderia passar de largo sem passar ao nosso lado…. Apareceu o Santo Padre, subiu ao papamóvel e este dirigiu-se justamente para o lado onde nos encontrávamos, uma distância de metro e meio… Os nossos olhares puderam cruzar-se, fizemos-lhe sinal de que rezávamos por ele, e por seu lado nos respondeu com um sorriso. Já podem imaginar a alegria que sentimos, e damos graças a Deus!
Pouco a pouco abandonamos este santo lugar, onde tantas graças se derramaram nestes dias, dirigindo um último olhar a Nossa Senhora de Fátima, depositando n’Ela todas as intenções confiadas e confiando-nos também à intercessão dos novos santos Francisco e Jacinta. ”